Ordem Franciscana Secular
Fraternidade Valongo
Santos - SP - Brasil

Trabalhos Sociais

Ordem Secular Franciscana, realizações de braços abertos

Valéria Malzone (reportagem no jornal A Tribuna)

Entidade religiosa e sem fins lucrativos, a Ordem Franciscana Secular Valongo, que funciona nas dependências anexas do Santuário de Santo Antônio do Valongo, tem obtido resultados positivos e ajudado muita gente em seus trabalhos sociais para a comunidade carente da região.

Atualmente com quatro frentes de ação — aulas da Educafro (ONG Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes), Escola de Informática e Cidadania, um núcleo da Pastoral da Criança e com o "Roupeiro Santa Clara", a Ordem tem ajudado na formação também da cidadania, além de auxiliar os jovens e adultos no encaminhamento para o mercado de trabalho.

De acordo com a ministra (responsável) da Ordem, Ana Maria Rodrigues Lima, há cerca de 40 integrantes na fraternidade, para todos os trabalhos sociais e comunitários. Ela conta que somente no Estado de São Paulo são 80 fraternidades.

‘‘No nosso distrito, que engloba São Paulo (Capital) e Baixada Santista, há 20 fraternidades’’, revela a ministra. Ana Maria esclarece que a Ordem é regida pela Santa Sé Católica Apostólica Romana. ‘‘Não é só um movimento, um grupo. É mais do que isso’’, garante.

‘‘Independentemente da linha religiosa, a Ordem do Valongo está sempre de braços abertos a todos os interessados, de qualquer religião’’, observa a ministra. ‘‘Todos os trabalhos sociais que fazemos aqui são nada mais nada menos do que a passagem da teoria do Evangelho para a prática da vida’’.

Informática

Um dos carros-chefes da Ordem, é o curso de Informática. ‘‘Nossas aulas, por exemplo, começaram em 2000 e ainda estamos com matrículas abertas para as turmas que iniciam no dia 5’’, explica a coordenadora administrativa da entidade, Maria Adriana Reis da Silva e Silva. Ela garante que mais de 300 pessoas já passaram pelo curso.

Nessas aulas, os interessados — que pagam uma taxa simbólica para auxiliar na manutenção dos equipamentos e no transporte dos professores voluntários — aprendem noções básicas de programas como Windows, Word, Excel Power Point, Publisher e Access.

‘‘Temos curso específico para crianças de 10 a 13 anos de idade, além de Montagem e Configuração e Digitação’’, emenda a coordenadora.

Curso do Educafro é preparatório para o vestibular

Outra atividade apoiada pela Ordem é o curso do projeto Educafro, que é uma espécie de pré-vestibular para negros e excluídos carentes. ‘‘Já estamos atuando aqui há cinco anos’’, revela Júlio Evangelista Santos Júnior, coordenador do curso na entidade.

Ele mesmo é fruto do trabalho do Educafro. ‘‘Fui aluno aqui, consegui entrar na Faculdade de Tecnologia (Fatec), onde me formei no ano passado’’, conta Santos Júnior. As aulas acontecem aos sábados, durante o dia todo. ‘‘Nossa sala de aula é disponibilizada pelos voluntários da Ordem’’.

Durante o dia, os alunos recebem instruções e dicas em 12 aulas, incluindo Cultura e Cidadania. ‘‘Este ano, começamos as aulas com 85 interessados. Já neste momento, temos 60’’. Em 2005, foram 70 alunos que passaram pelo Educafro.

Além das matérias básicas que costumam cair nos vestibulares, os estudantes do Educafro discutem, nas aulas de Cultura e Cidadania, questões raciais e outras pautas socioeconômicas.

‘‘Falamos de raça, preferências sexuais e religiosas e outros paradigmas, que normalmente são evitados ou omitidos pela sociedade de maneira geral’’. Em cada semestre, são debatidos cinco temas de Cidadania.

Santos Júnior conta que deste projeto do Educafro, cerca de 30 pessoas conseguiram entrar para as universidades da região. ‘‘Ainda não temos muitos formados no Ensino Superior, mas em breve teremos’’, garante o coordenador.

O projeto Educafro surgiu inicialmente na Bahia, em 1987. ‘‘Ele veio para mudar o panorama, que ainda é uma realidade no País, da existência de poucos negros em cargos de poder e de alta renda’’, recorda Santos Júnior.

‘‘Como a Educação é o melhor instrumento de inclusão social, a ação principal do projeto é ajudar que os negros e outros excluídos possam ter acesso a esta Educação, principalmente de nível superior’’.

Porém, o Educafro original da Bahia falhou em dois quesitos. ‘‘Eles começaram a cobrar mensalidade fora da realidade dos excluídos e queriam professores negros, o que era muito raro na época’’, observa o coordenador.

O projeto ganhou novo fôlego quando foi para o Rio de Janeiro, com o frei David, em 1989. Em Santos, o Educafro chegou em 2001 e conta com trabalho voluntário de 10 professores. ‘‘É cobrada somente uma taxa simbólica (hoje de 5% do salário mínimo, o que dá R$ 17,50) dos alunos, para pagar a condução dos professores’’, diz Santos Júnior.

Além de Cultura e Cidadania, os estudantes recebem aulas de Gramática, Literatura, Redação, Matemática, Inglês, Geografia Geral e do Brasil, História Geral e do Brasil, Biologia, Física e Química.

O primeiro núcleo do Educafro na Baixada Santista se desenvolveu na Praia de Santa Cruz dos Navegantes, em Guarujá.

Pastoral da Criança

Há quatro anos, a Ordem também concentra um dos diversos núcleos existentes da Pastoral da Criança. ‘‘Começamos promovendo visitas e fazendo acompanhamento da situação nutricional e de saúde de crianças carentes de zero a 6 anos de idade’’, conta Maria Auxiliadora Raimunda da Silva, que é aluna do Educafro e vice-coordenadora diocesana da Pastoral da Criança, na Ordem.

‘‘Nosso principal objetivo, dentro da Pastoral, é estar tirando essas crianças da condição de desnutridas e, consequentemente, reduzindo os índices de mortalidade infantil’’, completa.

Maria Auxiliadora garante que, desde o início das atividades da Pastoral no núcleo da Ordem, cerca de mil crianças já receberam orientação e assistência do grupo.

Núcleos

No total, na Baixada Santista, há 133 núcleos da Pastoral da Criança, sempre em parceria com outras entidades e congregações.

Os trabalhos do grupo, neste setor específico, incluem orientação nutricional também para os pais e familiares das crianças. ‘‘Além de noções de saneamento básico e higiene, para evitar certos tipos de doenças, sempre em busca de uma melhor qualidade de vida’’.

Uma vez por mês, as crianças têm seu peso corporal medido, entre outras coisas. ‘‘Nós (as lideranças comunitárias) também frequentamos as casas das mães, para outras instruções e orientações’’, garante Maria Auxiliadora. Ela confirma que 25 pessoas atuam neste núcleo da Pastoral.

Roupeiro

Outra ação comunitária totalmente gratuita da Ordem, além do atendimento na Pastoral da Criança, é o Roupeiro Santa Clara, que — por sinal — é o trabalho mais antigo da entidade.

Segundo a coordenadora administrativa do local, Maria Adriana Reis da Silva e Silva, neste trabalho é feita uma distribuição de enxovais para gestantes carentes.

‘‘Recebemos doações de roupas usadas, durante o ano inteiro, e temos voluntárias que reformam estas peças’’. Depois de prontas e higienizadas, as peças são comercializadas em um bazar no próprio Valongo e em outros dois espaços cedidos pela Prefeitura de Santos, duas vezes no ano.

A coordenadora revela que a renda obtida na venda das roupas dos bazares abastece o estoque de enxovais, para as noivas carentes.

Perfil

Nome: Ordem Franciscana Secular Fraternidade Valongo

O que faz: Além de fazer orientação religiosa, para os interessados, promove trabalhos sociais em favor de excluídos e famílias carentes. Atualmente, promove cursos como do Educafro, de Informática, além de manter um núcleo da Pastoral da Criança, visando o combate à desnutrição

Há quanto tempo: A Ordem existe desde 1640.

Endereço: Largo Marquês de Monte Alegre, 12, Valongo

Telefone: (13) 3219-1481

Site: http://www.portalvalongo.com/ clicar em OFS